O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD), desmembrado da antiga Telebras, deverá fechar o ano com receita de R$ 280 milhões, contra R$ 230 milhões registrados no ano passado. O centro está ligado a um conjunto de empresas e organizações criadas para disseminar tecnologias que deverão gerar, ao todo, receitas de R$ 460 milhões este ano, contra R$ 410 milhões no ano passado.
Com 35 anos de existência, o CPqD é o maior depositante de registros de programas de computador (softwares) do País e a segunda instituição não acadêmica de pesquisa brasileira que mais deposita pedidos de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), só perdendo para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Como o CPqD é uma fundação sem fins lucrativos, o dinheiro que sobra é, necessariamente, aplicado em novas pesquisas, de acordo com o presidente da instituição, Hélio Graciosa. Ele destacou que essas atividades são “imprescindíveis para o próprio desenvolvimento do País“, e citou uma estimativa do Banco Mundial de que “o aumento de 10% no número de conexões de banda larga em países emergentes pode induzir a um crescimento adicional de mais de 1,3% no Produto Interno Bruto anual“. As tecnologias desenvolvidas pelo CPqD já foram exportadas para países como Estados Unidos, México, Chile, Colômbia, Uruguai, Equador e Angola.
“Para os eventos da Copa do Mundo em 2014 teremos infraestrutura genuinamente nacional necessária para prover banda larga com novas aplicações e serviços que, para a indústria nacional, representa a possibilidade de estarmos nas mesmas condições dos países mais avançados em evolução tecnológica“. Para ele, o desenvolvimento científico no Brasil “deve ser prioridade nacional, pois a exemplo de outras áreas importantes, como a da defesa, há muita dificuldade de transferência de tecnologia da informação“. Com base nessa mentalidade, segundo ele, o Brasil “trabalhou e saiu na frente em muitas inovações importantes em relação ao resto do mundo“.
Um dos exemplos mais comuns que ele costuma citar é o popular cartão telefônico usado nos orelhões, que substituiu as antigas fichas de metal (semelhantes a moedas) e que foi encomendado para facilitar as comunicações durante a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio 92). “Enquanto o resto do mundo utiliza cartões magnéticos ou com chip, fizemos o cartão nacional que anula o fim do crédito através de impulso enviado pelas operadoras de telefonia. É como um fusível que queima e, assim, encerra a conversa num determinado tempo“, explicou Graciosa.
O último grande feito do CPqD, citado por Graciosa, foi o primeiro teste de transmissão de dados em altíssima velocidade de 100 gigabit Ethernet por segundo (GbE/s) em ambiente de rede em operação, fora de laboratório. Para ele, foi “um marco da tecnologia brasileira“. A experiência foi feita em uma conexão entre Campinas e São Paulo. O mercado conta, atualmente, com equipamentos que só suportam transmissões entre 10 e 40 gigabits. A velocidade de 100 GbE/seg, que está sendo testada por um grupo de empresas e institutos de pesquisa de vários países, permite que seja transmitido via intenet em menos de 1 segundo o conteúdo integral de um disco rígido de 120 gigabytes de capacidade de armazenamento.
O programa de pesquisa e desenvolvimento do CPqD é o maior da América Latina e atende aos setores de telecomunicações, energia elétrica, financeiro, industrial, corporativo e da administração pública.
Ao comemorar os 35 anos da instituição, Hélio Graciosa faz questão de mencionar que o CPqD foi responsável pelo lançamento do primeiro telefone com teclas, na década de 1970; da primeira central telefônica digital, nos anos 1980; e do primeiro enlace de comunicações óticas.
Fonte: Protec.org.br – http://bit.ly/mR34Zi