Os laboratórios de pesquisa instalados no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) dão os primeiros resultados e já existem patentes registradas ou em fase de preparação para o registro. Alguns estudos finalizados no ambiente do parque abrem caminho para aplicação em novos produtos ou tecnologias. São duas patentes já registradas, uma pelo laboratório da indústria Bardella, de mecânica industrial, e outra do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), instituto privado de inovação, informaram quarta-feira (12/02) o diretor de operações técnicas do PTS, Mário Tanigawa, e o presidente da agência Inova Sorocaba, Agliberto Chagas. O PTS promoveu quarta-feira (12/02) uma visita de jornalistas para divulgação de novos projetos e ampliação.
Há ainda um estudo farmacêutico do laboratório da Universidade de Sorocaba (Uniso) em fase final e cujo registro de patente deve ser feito em breve. O PTS foi inaugurado em junho de 2012 e foi recebendo laboratórios de universidades e empresas ao longo do ano passado. Os principais são nas áreas de energias alternativas, eletroeletrônica, metalmecânica, tecnologias de automação e softwares. O PTS tem, atualmente, 23 laboratórios, número que deve ser ampliado com a construção de mais um prédio, fora do projeto arquitetônico do prédio principal em forma de círculo – que está concluído pela metade.
A pesquisa do laboratório da Uniso é de um medicamento mucoadesivo para ser colado no céu da boca do paciente. O professor Marco Chaud explica que muitos pacientes sofrem com aftas e ferimentos na boca causados pela quimioterapia, conhecido tratamento contra o câncer. O efeito do medicamento é cicatrizar esses ferimentos. Já foi testado em pessoas, com os resultados esperados, segundo Chaud. O laboratório da Uniso trabalha com biomateriais e nanotecnologia e outra pesquisa em estágio avançado é de um tipo de medicamento retroviral, para portadores do vírus HIV.
Patentes
Sobre as duas patentes, da Bardella e do Cesar, não foram divulgados detalhes. O presidente da Inova informou ainda que o Poupatempo da Inovação, que funciona no PTS desde dezembro, auxilia para viabilizar a aplicação no mercado de duas patentes desenvolvidas fora do parque, uma sobre dispositivo para economia de água e outra sobre medicamento para redução da queda de cabelo.
O presidente do PTS e ex-prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, anunciou a construção de mais um prédio de 2.600 metros quadrados e que deverá custar R$ 4 milhões. Irá abrigar novos laboratórios. O novo prédio será construído fora do projeto do prédio principal. Lippi explicou que a conclusão de metade do anel – completando os 360 graus – do prédio principal ficará para mais tarde por causa do custo maior. De acordo com Lippi, a concentração de laboratórios de várias universidades num único parque tecnológico foi inovadora e isso atrai mais interesse. Ele disse que há possibilidade de abrigar laboratórios de universidades de outros países em Sorocaba, o que seria importante para a troca de experiências e tecnologias.
Lippi anunciou também a aquisição de uma plataforma de engenharia computacional, para simulação virtual de testes e desenvolvimento de novos produtos. Deverão ser três cópias do programa, dois para uso das universidades, que não pagarão pelo uso, e um para as empresas, que pagarão taxas conforme o tempo de uso. O presidente do PTS disse que o processo de licitação está sendo feito e a definição deve ocorrer em março. O programa tem custo estimado em R$ 800 mil, mas há negociação para redução desse valor. Segundo Lippi, poderão ser realizados ensaios de design, simulação, validade (durabilidade) e otimização de produtos. O sistema utilizará impressoras em 3D para reprodução das peças ou objetos em polímeros.
O presidente do PTS afirma que o investimento na plataforma de engenharia computacional irá economizar tempo e recursos de empresas e universidades, além de poder ser utilizado de maneira coletiva, com agendamento de dias e horários. A direção do PTS também pretende melhorar a integração entre os pesquisadores, com um restaurante e ambientes de socialização, como uma academia de ginástica, a exemplo do que ocorre em centros de pesquisa de outros países. Lippi ressalta que é importante a troca de ideias e experiências entre os pesquisadores.
Para Lippi, o País tem que correr para acompanhar os outros países em tecnologia e competitividade econômica. Ele deu exemplo de que em 2008 foram registradas quase 50 mil patentes nos Estados Unidos, 40 mil no Japão e, no Brasil, apenas 572. O País tem apenas 0,2% na participação mundial de registro de patentes, apesar de contar com 12 mil doutores, cita o presidente do PTS. Por ser um polo industrial, Sorocaba está inserida de maneira direta nesse contexto. “É algo semelhante ao que aconteceu com a indústria têxtil, que foi superada pela concorrência com as empresas chinesas.”
Fonte: Protec.org.br