Quase dois meses após a suspensão do leilão da usina Revati, em Brejo Alegre (SP), o grupo sucronergético Renuka do Brasil busca alternativas para levantar recursos e dar continuidade ao plano de recuperação judicial junto aos credores, afirmou à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Para tanto, a companhia está em tratativas com possíveis interessados e não descarta, agora, arrendar ou mesmo vender suas duas usinas no interior de São Paulo (Revati e Madhu, esta situada em Promissão), disse a fonte, sob condição de anonimato, já que não é autorizada a falar com a imprensa.
De acordo a fonte, não há nada fechado a respeito por enquanto. As duas usinas da Renuka têm capacidade combinada para moer mais de 10 milhões de toneladas de cana por safra.
A consultoria e trading Czarnikow foi denominada pela Renuka do Brasil como responsável por realizar uma sondagem no mercado sobre possíveis interessados nas duas usinas, destacou a fonte.
A sondagem da Czarnikow é realizada enquanto a Renuka aguarda uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que pode derrubar a suspensão ao leilão da Revati, contestado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos principais credores do grupo sucroalcooleiro.
Se o TJ-SP decidir favoravelmente à Renuka, a empresa pode prosseguir com o leilão da Revati.
Uma outra alternativa, independentemente da decisão do TJ-SP, seria a venda da Revati e da Madhu, numa nova linha para o plano de recuperação judicial.
A Reuters não obteve um comentário imediato da Czarnikow. Não foi possível falar com a Renuka a respeito do assunto.
O leilão da usina Revati estava inicialmente marcado para 4 de setembro, mas foi suspenso poucos dias antes pela Justiça, que aceitou pedido do BNDES, titular das garantias hipotecárias da companhia sucroenergética.
A venda da Revati, que chegou a atrair o interesse de pelo menos três empresas, dentre as quais a gigante chinesa Cofco, está no cerne do processo de recuperação judicial da Renuka do Brasil, que tem dívidas de quase 3 bilhões de reais.
Subsidiária da indiana Shree Renuka Sugars, a Renuka do Brasil iniciou investimentos no país em 2010 e foi atingida juntamente com o restante do setor por baixos preços do açúcar e pelo controle de preços de combustíveis que vigorou em governos anteriores.
Nos últimos meses, em meio às indefinições envolvendo o andamento do processo de recuperação judicial, a Renuka do Brasil passou a demitir funcionários e a devolver terras arrendadas para o plantio de cana. Em outubro, fontes afirmaram à Reuters que a empresa demitiu cerca de 900 trabalhadores.
De acordo com a fonte, por ora não há risco de falência da empresa, mas a companhia deve processar menos cana no próximo ano.