Embora o momento seja de cautela para indústria petroquímica brasileira – porque mesmo após a definição do contrato de fornecimento de nafta da Petrobras para a Braskem, ainda há o enfraquecimento da economia brasileira e a volatilidade do câmbio e petróleo – existem indícios de que 2015 pode surpreender, positivamente, as companhias do setor.
Um dos principais focos de atenção da indústria, a oferta adicional de eteno, matéria-prima para petroquímicos básicos e resinas termoplásticas, não será tão significativa quanto se esperava. Em uma apresentação a investidores, a Braskem mostrou que a adição de capacidade não deverá superar a média histórica de crescimento da demanda, de 6 milhões de toneladas de eteno/ano, até 2017, com exceção de 2015.
Mas mesmo em 2015 o cenário não é exatamente de oferta excedente. Isso ocorre porque, no ano passado, chegaram ao mercado apenas 3,2 milhões de toneladas adicionais de eteno, bem abaixo da previsão original de entrada de 4,9 milhões de toneladas provenientes de novas centrais e da demanda adicional histórica.
Para este ano, inicialmente, o mercado esperava, no início de 2014, que 6,4 milhões de toneladas chegassem ao mercado e agora a previsão é de 6,5 milhões de toneladas adicionais. Essa diferença nos volumes reflete atrasos e cancelamentos de projetos.
Em 2016, a capacidade adicional de eteno deve ficar em 5,6 milhões de toneladas, frente a 6,7 milhões de toneladas previstas anteriormente. Por fim, em 2017, a revisão das estimativas resultou em adição esperada de 5,6 milhões de toneladas, bem abaixo das 7,9 milhões de toneladas previstas antes.
Para o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, junto com o câmbio que inibe a maior entrada de importados no país, essa é uma das boas notícias para o setor no ano. Além disso, os preços em queda do petróleo – que nos últimos meses voltou a oscilar entre US$ 50 e US$ 60 o barril do tipo Brent – derrubaram as cotações da nafta, principal matéria-prima da Braskem.
Conforme a direção da companhia, o uso de uma média móvel de três meses para chegar ao preço que será pago pela nafta da Petrobras retarda ligeiramente a captura desse ganho. No primeiro trimestre, a resina produzida com custos mais altos e vendida a preços menores poderá pressionar as margens da empresa. Porém, nos meses seguintes, o benefício do insumo mais barato será refletido nos números da petroquímica.
Para 2015, a expectativa é positiva em relação aos spreads petroquímicos (diferença de preço entre matéria-prima e produto final) no mercado internacional, o que também beneficiará a Braskem. “Na ponta negativa, não esperamos crescimento de mercado e há o risco de racionamento de energia elétrica”, ponderou.
Fonte: Valor Econômico