O setor químico é o retrato mais fiel dos efeitos da baixa produtividade da indústria do País. No ano passado, teve déficit de US$ 25,9 bilhões, o maior da história – em 1990 era de US$ 1,5 bilhão. A grandeza do rombo fica evidente quando se leva em conta que ele é só um pouco menor do que o saldo comercial de 2011 do País, de US$ 29,7 bilhões.
Por trás desse resultado – invisível aos olhos do consumidor final -, que indica uma perda de terreno dos produtos nacionais para os importados, estão problemas antigos do País que passam pelo sistema tributário caótico, infraestrutura deficiente e terminam nos conhecidos juros elevados.
“Os dados que a gente tem apontam para o crescimento do consumo de 6,5% no ano passado, mas a importação cresceu 7,5%”, afirma o presidente da Braskem, Carlos Fadigas. “A importação ficou com todo o crescimento e tomou 1% do mercado.”
O reflexo desses entraves brasileiros aparece sobretudo no custo da matéria-prima. O gás obtido nos Estados Unidos, por exemplo, é, em média, 20% mais barato do que o brasileiro. O preço da energia cobrado também destoa dos demais países.
“O País tem um problema muito grande. É quase 10% mais caro trazer matéria-prima do Polo de Camaçari para São Paulo do que da Europa para São Paulo, por exemplo”, diz Michel Mertens, vice-presidente sênior de áreas químicas da Basf para a América do Sul.
No ano passado, a Basf fechou a fábrica de aminas em Camaçari porque a importação ficou mais vantajosa, mas anunciou a criação de um Complexo Acrílico. O investimento deve somar cerca de US$ 750 milhões e tem previsão de início em 2014.
Fonte: Estadão