A expectativa de crescimento da produção de açúcar em importantes players globais, como Índia e Tailândia, levaram a consultoria INTL FCStone a revisar para cima sua projeção de superávit do adoçante no ciclo 2017/18, para 6,9 milhões de toneladas. A divulgação anterior do grupo, realizada em fevereiro, apontava 3,6 milhões de toneladas.
O incremento é puxado principalmente pela produção global da commodity – estimada em 191 milhões de toneladas – um aumento de 3,6 milhões de toneladas em relação ao cálculo anterior da INTL FCStone e um acréscimo de 4,5% na comparação com a safra passada.
“Não é possível analisar as mudanças na expectativa de produção de açúcar este ano sem começar pela Índia. O segundo maior produtor global passa por safra de rápida recuperação depois de dois anos de quebra, causada principalmente pelas monções fracas de 20015. O tamanho da recuperação, entretanto, assustou a todo o mercado, tanto local como internacional”, explica o Analista de Mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.
Depois de produzir 20,3 milhões de toneladas na safra passada – o menor nível em 7 anos – a Índia deve alcançar 29,5 milhões de toneladas (valor branco) neste ciclo, uma recuperação de 45,3% em apenas um ano e 2,3 milhões de toneladas acima da estimativa anterior. O nível esperado para esta temporada é, inclusive, o maior da história do país, superando o recorde anterior em 4,2%.
No estado indiano de Uttar Pradesh, a produção cresceu ao longo dos últimos anos devido à introdução de nova variedade de cana, a Co 0238, que vem mostrando resultados surpreendentes em termos de produtividade agrícola e industrial, aumentando a perspectiva de produção do estado, mesmo com área praticamente estável.
Em Maharashtra, segundo maior estado produtor, o principal fator puxando o crescimento da produção é a recuperação da área plantada e produtividade após fortes perdas causadas pelas monções fracas de 2015, que reduziu a produção do estado em 60% entre as safras de 2014/15 e 2016/17.
A safra do maior exportador da Ásia, a Tailândia, também vem mostrando resultados surpreendentes. A produção de açúcar até o momento já supera as 12 milhões de toneladas, sendo que o recorde anterior para o total da temporada era de 11,7 milhões de toneladas, registrado em 2013/14.
“O que possibilitou esta expansão na produção foi o incremento na área plantada, em parte graças aos mecanismos de apoio à cana-de-açúcar do governo, que estão sendo reformados ao longo desta temporada”, aponta o Analista Botelho. Além disso, condições climáticas favoráveis também foram essenciais para possibilitar produtividade agrícola e industrial surpreendentes.
A INTL FCStone acredita que a produção total da Tailândia deve atingir 13,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 25,5% na comparação com a safra passada e de 13,7% em relação ao recorde anterior.
Para a China, o Paquistão e a União Europeia, as projeções de crescimento da produção foram mantidas pelo grupo em 10,3 milhões de toneladas (China), 7,4 milhões de toneladas (Paquistão) e 19,5 milhões de toneladas (União Europeia).
Na contramão do crescimento, o Centro-Sul brasileiro é o único grande player que deve reduzir significativamente sua produção de açúcar no ciclo 2017/18. A estimativa da INTL FCStone foi revisada negativamente para 30,3 milhões de toneladas (tel quel), 18,2% abaixo do ciclo anterior e o menor patamar desde a temporada 2011/12.
Com perspectiva de queda apenas marginal na disponibilidade de matéria prima para a colheita de 2018, o principal motivo para a redução na produção da região é a expectativa de que o mix das usinas continue fortemente voltado para a produção de etanol, como vem ocorrendo desde o final da colheita de 2017.
“Entre os motivos para a preferência pelo biocombustível, podemos destacar os baixos preços internacionais do açúcar, além do patamar mais elevado das cotações do barril de petróleo, que vem dando sustentação para a gasolina no mercado brasileiro e, consequentemente, para a demanda por etanol”, avalia o Analista de Mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.
O novo balanço mundial apresentado pela INTL FCStone elevaria o nível dos estoques globais no final da temporada para 78,5 milhões de toneladas, o segundo maior volume da história e o equivalente a 43% da demanda anual.
Em relação à demanda, destaca-se que os bons resultados nas safras da Índia e Tailândia também impulsionaram uma expectativa de crescimento no consumo, uma vez a maior produção levou a queda no patamar dos preços. O baixo custo do adoçante é um atrativo ao uso pelas indústrias de alimentos, bem como para o consumidor final, em países menos desenvolvidos.
A INTL FCStone aumentou sua projeção de demanda global do açúcar de 183,8 para 184,1 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 1,3% na comparação com a safra passada.