Ligeira retração na produção de grandes players internacionais e a piora nas perspectivas para a safra do Brasil levaram a INTL FCStone a reduzir sua expectativa de saldo global de açúcar no ciclo 2018/19 para 7,0 milhões de toneladas. O primeiro cálculo do grupo, divulgado em maio, apontava 7,2 milhões de toneladas.
Considerando a revisão do grupo, os estoques mundiais do adoçante devem terminar o mês de setembro de 2019 em 89,4 milhões de toneladas, o equivalente a 48% da demanda anual estimada – o maior nível da relação estoques/uso da série histórica da consultoria, iniciada em 2001/02.
Segundo avaliação divulgada nesta sexta-feira (13), a produção do Centro-Sul brasileiro para o ciclo global 2018/19 deve totalizar 29,9 milhões de toneladas (tel quel), 1,5% abaixo da temporada anterior.
“As expectativas são de que, com um rendimento agrícola menor, usinas tenham que encerrar suas atividades de campo de forma antecipada, transferindo o ônus da estiagem para a safra global de 2018/19. Neste sentido, o envelhecimento dos canaviais, dada as projeções de baixa renovação no ano atual, devem continuar tendo efeitos negativos sobre a produtividade das lavouras canavieiras da região também colheita de 2019”, explica o analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.
Na Índia, mesmo em meio à complexa situação econômica pela qual o setor açucareiro local atravessa, a área destinada à safra 2018/19 no país registrou crescimento de cerca de 1,7% – cenário que, aliado às monções favoráveis, deve levar produtores indianos a atingir um novo recorde na safra 2018/19, estimado pela INTL FCStone em 32,8 milhões de toneladas (valor branco).
A Tailândia deverá apresentar queda de 2,5% na produção de açúcar no ciclo 2018/19 ante ao que foi registrado na safra atual, para 14,6 milhões de toneladas (valor bruto) – patamar que ainda é significativamente elevado em relação à média histórica do país. A queda é esperada devido à expectativa de retorno da produtividade para valores mais próximos das médias históricas, em parte devido à perspectiva de redução na participação da cana de primeiro corte.
Na China, a expansão da área cultivada com cana, estimulada por elevados preços domésticos do açúcar em relação ao praticado no mercado internacional, deve sustentar a produção do adoçante no gigante asiático para 10,8 milhões de toneladas (valor branco).
Já estimativa de produção de açúcar na União Europeia em 2018/19 permanece inalterada no comparativo com o último relatório de saldo global, em 18,4 milhões de toneladas (valor branco), mas destaca-se que os próximos meses serão decisivos para a consolidação das projeções de produção no bloco, bem como no restante do continente europeu.
Isso porque os primeiros testes da beterraba semeada para o próximo ciclo começarão a ser realizados em breve. “Por meio destes acompanhamentos, será possível averiguar os reais efeitos do clima adverso registrado em março de 2018, que levou ao atraso no plantio do tubérculo, sobre a produtividade das lavouras e, consequentemente, sobre a produção de açúcar”, pondera Botelho.
Em sua revisão de julho de 2018, a INTL FCStone manteve a expectativa de saldo global em 10,8 milhões de toneladas de açúcar, com a produção asiática continuando a surpreender pelo desempenho na Índia e Tailândia.
Destaca-se que as usinas indianas acumularam produção de 32,1 milhões de toneladas até o dia 15 de junho deste ano e a INTL FCStone espera que ainda haja um aumento para 32,3 milhões de toneladas (valor branco) – quantidade que representa expansão de 59,0% ante a temporada 2016/17 e alta de 4 milhões de toneladas no comparativo com a safra 2014/15, que até então detinha o recorde produtivo no país.
A Tailândia, por sua vez, continuou colhendo os frutos da expansão na área plantada – que foi resultado de incentivos governamentais nos últimos – e de clima favorável ao desenvolvimento da cana. A safra açucareira no país, que se encerrou no início de junho, totalizou pouco mais de 15 milhões de toneladas (valor bruto) – alta de cerca de 100 mil toneladas ante à última projeção do grupo e crescimento de 42,0% em relação a 2016/17.
Nas Américas, o Centro-Sul do Brasil tem sido destaque por conta de um mix mais alcooleiro, tanto nos momentos finais de 2017 quanto ao longo da colheita em 2018. Isso porque o país tem registrado um amplo diferencial entre as cotações do biocombustível e as de seu concorrente fóssil nos postos, estimulando a demanda pelo primeiro.
A INTL FCStone reduziu em cerca de 320 mil toneladas a projeção de produção brasileira de açúcar para a safra atual no comparativo com a última revisão, para 30,3 milhões de toneladas (tel quel) – tonelagem que representa uma retração de 18,2% no comparativo anual.