As importações brasileiras de produtos químicos totalizaram US$ 3,4 bilhões em janeiro de 2020, o que representa um aumento de 12,2% na comparação com o mês de dezembro passado, apesar de redução de 5,9% na comparação com janeiro de 2019. Em contraste com a retração do consumo aparente nacional de produtos químicos, da ordem de 7,3% em 2019, e mesmo no contexto de uma recente e significativa instabilidade cambial, os importados seguiram apresentando um expressivo aumento no atendimento da demanda doméstica e, em um recorde histórico, representaram 43% de todo o consumo no ano passado. Os intermediários para fertilizantes representaram 13,5% do total importado em janeiro de 2020 (US$ 455,4 milhões), fazendo desse grupo de produtos o mais importado pelo País no primeiro mês do ano, em que pese a expressiva redução, de 26,4%, em relação às importações desses produtos em janeiro passado.
Já as exportações de produtos químicos, de US$ 978 milhões, registraram queda de 5,4% na comparação com o mês de janeiro de 2019. As resinas termoplásticas, com vendas ao exterior de US$ 132,5 milhões, continuaram como os produtos químicos mais exportados pelo País, (13,5% do total exportado pelo País em janeiro), apesar do significativo recuo de 22,7% do valor exportado na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado da balança comercial de produtos químicos indicou um déficit de US$ 2,4 bilhões em janeiro e de US$ 31,6 bilhões nos últimos doze meses (fevereiro de 2019 a janeiro de 2020).
Em termos de volumes, as importações de 3,5 milhões de toneladas representam retrações de 4,3% em relação a janeiro passado e de 8,2% na comparação com dezembro de 2019. Por sua vez, as exportações de 1,4 milhão de toneladas significaram um aumento de 21,9% em relação a janeiro de 2019 e de 30,1% na comparação com dezembro passado, fato devido particularmente ao aumento das vendas externas de inorgânicos, que somados representam praticamente 70% de todas as exportações brasileiras de produtos químicos.
Para a diretora de Assuntos de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo, além das reformas estruturais da economia brasileira e da inadiável agenda de ajustes competitivos (energia, gás natural, matérias‐primas, logística), também a conjuntura internacional será determinante, sobretudo no primeiro semestre do ano. “Agravando os desafios da pauta de modernização do ambiente de negócios no Brasil, incertezas serão muitas no plano internacional já na largada de 2020. Infelizmente, ainda não é possível se ter um diagnóstico mais realista dos impactos para a economia global com a crise de saúde do coronavírus, com o agravamento de tensões políticas e comerciais entre alguns dos maiores mercados mundiais e com o delicado momento econômico de grandes adquirentes de produtos químicos brasileiros, especialmente a Argentina. Todas essas questões tornam ainda mais fundamental a preservação do sistema de defesa comercial e que o processo de inserção internacional da economia brasileira esteja condicionado às demais reformas nacionais e favoreça a opção por negociações de acordos preferenciais de comércio, conduzidas de maneira previsível, transparente, gradual e debatida publicamente com os setores da economia”, destaca Denise.