[dropcap]O[/dropcap] Brasil importou US$ 43,3 bilhões em produtos químicos em 2018, valor total pago pela aquisição de praticamente 45,2 milhões de toneladas entre as diversas mercadorias acompanhadas pela Abiquim no âmbito da balança comercial setorial. Na comparação com os resultados de 2017, foi registrado um aumento de 16,4% no valor monetário das importações, ao passo que as quantidades físicas adquiridas pelo País foram 4,7% superiores.
Em termos históricos, as quantidades importadas em 2018 são as maiores de todos os tempos. Quando comparadas com as 37,5 milhões de toneladas de 2013, ano em que foi registrado o maior déficit no histórico da balança comercial de produtos químicos, de US$ 32 bilhões, observa-se um aumento de 20,5%, sobretudo em produtos químicos para o agronegócio, que poderiam ser fabricados no País. Entre os grupos acompanhados, os intermediários para fertilizantes foram perceptivelmente o principal item da pauta de importação do setor com compras de mais de US$ 7,6 bilhões, em 2018, equivalentes a 65,6% (27,3 milhões de toneladas) das 45,2 milhões de toneladas em compras externas de produtos químicos.
As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, de US$ 13,7 bilhões, em 2018, foram praticamente estáveis (pequeno recuo de 0,3%) na comparação com o ano anterior, com movimentação de 13,4 milhões de toneladas para mais diversos mercados de destino. Quanto ao grupo de produtos químicos mais exportados, as resinas termoplásticas, com vendas externas de US$ 2,1 bilhões, ocuparam tal posto, não obstante redução de 9,2% do valor das vendas para o exterior e de 17% nas quantidades exportadas desses produtos na comparação com 2017.
O déficit na balança comercial de produtos químicos totalizou US$ 29,6 bilhões em 2018, um crescimento constante e progressivo nos últimos três anos, fato que, conforme vinha alertando a Abiquim, seria inevitável com a retomada do crescimento da economia sem que houvesse concomitante melhoria estrutural da competitividade nacional, com políticas públicas coerentes à realidade setorial e que pudessem alavancar a utilização das capacidades instaladas (ociosidade média de 23% em 2018, enquanto o índice considerado saudável em comparação internacional não passa de 10%) e atrair investimentos produtivos.
Entre os principais fatores que levaram a esse aumento do déficit em produtos químicos se destacam: a ligeira retomada da atividade econômica nacional, mais uma forte safra de produtos agrícolas para exportação e os efeitos do desvio de produtos para mercados emergentes decorrentes da guerra comercial entre as principais potências econômicas mundiais. Avaliando-se as trocas comerciais com os principais blocos econômicos regionais, em 2018, o Brasil foi superavitário apenas em relação aos países vizinhos e históricos parceiros comerciais, do Mercosul e da Aliança Latino-Americana de Integração (Aladi), respectivamente saldos comerciais de US$ 813,8 milhões e de US$ 738 milhões. Entretanto, foram novamente registrados resultados estruturais negativos expressivos em relação à União Europeia e ao Nafta (América do Norte), que somados ultrapassaram um déficit agregado de US$ 15,4 bilhões, além de um crescente desbalanceamento de 9,1% ao ano com a Ásia (déficit se amplia de US$ 4,3 bilhões em 2010 para US$ 8,6 bilhões em 2018).
Para o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, apesar de louvável a iniciativa do Governo Federal de se comprometer publicamente com metas concretas a serem alcançadas nos seus primeiros 100 dias de gestão, é preocupante que temas absolutamente imprescindíveis para a competitividade da indústria brasileira, como as reformas da Previdência e Tributária e medidas para redução dos juros, não estejam listados no documento. “A indústria química pode ser o motor do crescimento do País na próxima década, se tivermos nafta e gás natural a preços internacionais. No tocante à inserção internacional da economia brasileira, a Abiquim sempre foi e continuará sendo favorável a uma abertura comercial responsável, pois ela deve ocorrer concomitante a medidas de redução do Custo-Brasil”, destaca Figueiredo.