Lançada na última semana, a edição de 2017 do BP Statistical Review of World Energy, publicado pela inglesa BP, mostrou que a produção brasileira de petróleo superou a da Venezuela e a do México no ano passado. O país tornou-se assim o maior exportador de petróleo da América Latina. O aumento da produção brasileira e a concomitante diminuição da produção desses países contribuiu para o avanço do Brasil, que registrou média diária de 2,6 M de barris/dia, enquanto que a Venezuela, 2,41 M de barris/dia e o México, 2,45 M de barris/dia.
No entanto, os dados sobre a Venezuela são discutíveis, uma vez que o país não divulga estatísticas oficiais desde 2014. Relatórios da Opep incluem estimativas indicando uma produção de petróleo pelo país ainda menor, em torno de 1,97 M de barris/ano, enquanto que, para a consultoria Oxford Economics, esse número gira em torno dos 2,1 M de barris/ano. O Economista-Chefe da consultoria Torino Capital, Francisco Rodríguez, afirma que a mudança na liderança do ranking é incomum, uma vez que a Venezuela sempre esteve à frente na produção e exportação de petróleo na América Latina. Ele ressalta que, apesar de possuir as maiores reservas do mundo, estimadas em 300,9 bilhões de barris, o país registra produção bastante inferior à da Arábia Saudita, que possui a segunda maior reserva – 266,5 bilhões de barris – e teve produção de 12,3 M de barris/dia no último ano. Segundo Rodríguez, um dos principais motivos que levaram a essa queda é a falta de investimentos e a nacionalização de empresas do setor.
No México, o problema é semelhante. A demora do país em abrir o setor para o capital estrangeiro resultou na diminuição dos investimentos no setor, comprometendo a exploração de petróleo em águas profundas, que ficou a cargo da Pemex (Petróleos Mexicanos), estatal responsável pela atividade. O problema é que a empresa não teve capacidade de explorar a totalidade dessa área, limitando-se a campos já disponíveis para extração. Moises Kababie, da consultoria Control Risks, indicou que a produção da Pemex dependia essencialmente da exploração do campo de Cantarell, que está se esgotando. Além disso, a queda dos preços do petróleo contribui para a limitação dos recursos da estatal, levando à consequente queda na produção. Segundo Ricardo de Azevedo, especialista em produção petroleira da USP, o aumento da produção no Brasil é explicado pela exploração do pré-sal. Ele afirma que, apesar da crise da Petrobras, a exploração desses campos vem crescendo desde 2013 e continuará a se expandir nos próximos anos.
Fonte: Maxiquim