A queda consistente nos custos de energia solar e eólica e das baterias de íon de lítio significa que continuarão surgindo oportunidades de mercado para energia limpa, armazenamento limpo e veículos elétricos.
As previsões são de analistas da Bloomberg New Energy Finance. De acordo com eles, em 2017 foram atingidos novos recordes para as tarifas em leilões de energia renovável ao redor do mundo. Um exemplo foi o valor de US$18,60 por MWh para energia eólica onshore no México, que seria impensável dois ou três anos atrás.
No caso das baterias, eles calcularam que os preços dos pacotes de baterias de íon de lítio caíram nada menos do que 24% no ano passado, criando a perspectiva, com melhorias adicionais de custos, de que os veículos elétricos deixarão para trás, em meados ou no final da década de 2020, os carros convencionais com motor de combustão interna – tanto em termos de investimento inicial quanto de longevidade.
“Estudos aprofundados das nossas equipes sugerem que essas tendências de redução de custos continuarão nos próximos anos, graças a economias de escala e avanços tecnológicos. Ainda assim, nenhuma tendência mostra uma linha reta, dada a importância do equilíbrio entre oferta e demanda e dos preços das commodities”, afirma o editor-chefe da Bloomberg New Energy Finance, Angus McCrone. Em um artigo, ele reuniu 10 perspectivas em energia limpa para 2018.
Segundo o texto, a expansão da economia mundial nos últimos meses pode ajudar a transição em energia e transporte porque elevou os preços de petróleo e carvão (e, em menor medida, do gás), favorecendo um pouco a competitividade da energia eólica e solar e dos veículos elétricos.
“A confiança dos investidores em nossos setores vem aumentando discretamente. O WilderHill New Energy Global Innovation Index (NEX), que acompanha o desempenho de aproximadamente 100 ações de empreendimentos de energia e transporte limpo no mundo todo, subiu 28% entre o final de 2016 e o dia 11 de janeiro deste ano”, relata.
Abaixo, conheça duas das tendências apresentadas.
Serão vendidos no mundo inteiro aproximadamente 1,5 milhão de veículos elétricos em 2018, com a China representando mais da metade do mercado global. Essa é a previsão de Colin McKerracher, responsável por veículos elétricos na Bloomberg New Energy Finance.
De acordo com ele, isso representa um aumento de 40% em relação a 2017, uma pequena desaceleração na taxa de crescimento à medida que a China reduz subsídios em preparação para a adoção da cota de veículos elétricos em 2019. A previsão é que as vendas por lá diminuam no primeiro trimestre e se recuperem no resto do ano.
Já a Europa se manterá como segundo maior mercado para veículos elétricos. As preocupações com a qualidade do ar estão aumentando nas capitais europeias e a rejeição ao diesel beneficiará esse mercado. “A Alemanha merece especial atenção. As vendas de veículos elétricos dobraram no país em 2017 e podem dobrar novamente em 2018”, completa.
Na América do Norte, as vendas em 2018 devem chegar a 300 mil unidades, mas a grande dúvida é a Tesla. “Se a empresa cumprir as metas de produção, as vendas nos EUA podem ficar muito acima disso”, afirma.
Os preços das baterias de íon de lítio continuarão caindo em 2018, mas em ritmo mais lento do que em anos anteriores. Os preços do cobalto e do carbonato de lítio subiram 129% e 29%, respectivamente, em 2017. Isso começará a elevar os preços médios das células em 2018, alimentando muitos relatos de ameaça à revolução dos veículos elétricos e da armazenagem de energia.
Apesar disso, Logan Goldie-Scot, responsável por armazenamento da Bloomberg New Energy Finance, espera uma queda entre 10 e 15% do preço médio das baterias devido a economias de escala, tamanhos maiores e melhoria na densidade energética de 5 a 7% por ano.
“A diminuição dos custos de investimento, a maior necessidade de recursos flexíveis e a maior confiança na tecnologia subjacente seguirão embalando a demanda por armazenamento de energia”, afirma. Globalmente, a instalação de sistemas de armazenamento em 2018 passará de 2GW/4GWh e a Coreia do Sul será o maior mercado pelo segundo ano consecutivo.
No entanto, o mercado ainda está frágil e algumas expectativas sobre a velocidade de instalação não são realistas. “As baterias são promovidas como a resposta para todos os males das renováveis intermitentes, incluindo a canibalização de preços causada pelo efeito de ordem de mérito, equilíbrio no sistema e restrições de rede”, argumenta.
De acordo com ele, o que determinará a taxa de aceitação são medidas governamentais, não somente a economia. “O armazenamento de energia ainda é um tema pouco compreendido por autoridades e profissionais do setor energético. Isso é muito importante porque investir em alternativas, como usinas à base de gás natural com duração prevista acima de 25 anos, vai criar um longo período de bloqueio que limitaria oportunidades para outros recursos flexíveis, como armazenamento, ou resultar em ativos problemáticos mais adiante”, complementa.