Este ano promete ser um bom período para o consumidor de etanol. A paridade de preço é bastante favorável nestes primeiros meses de safra, e o cenário não deverá ter alterações a curto prazo.
Com o retorno do superávit mundial do açúcar, os preços internacionais não estão favoráveis ao produto, e a safra brasileira de cana-de-açúcar será bem mais alcooleira do que foi em 2017.
Do início de abril ao fim de junho, 64,4% da cana moída foi para a produção de etanol. Em igual período do ano passado, o percentual era de 53%. Neste ano, de cada tonelada de cana processada, as usinas obtêm 49 litros de etanol, 29% mais do que em 2017.
O foco principal das usinas no etanol faz com que a oferta desse combustível aumente. Nos três primeiros meses da safra 2018/19 – início de abril ao final de junho –, a produção de etanol já soma 11,1 bilhões de litros, 45% mais do em igual período de 2017. O grande salto ocorre na produção de álcool hidratado, que é 76% maior neste ano.
A melhora na oferta provoca redução nos preços e atração maior pelo produto por parte dos consumidores. Nos cinco primeiros meses do ano, enquanto a venda de gasolina encolheu 11%, a de etanol hidratado aumentou 38%. Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), diz que o avanço do consumo do etanol hidratado vai inibir as importações de gasolina neste ano.
Oferta maior e preços menores do hidratado aumentam o interesse do consumidor. Conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), em cinco estados a utilização de etanol é mais vantajosa do que a da gasolina.
Parece pouco, mas esses estados concentram a maior parte da frota nacional de veículos. A Unica calcula que 66% da frota de veículos esteja localizada em municípios cuja paridade entre o etanol hidratado e a gasolina é inferior a 73%. Ou seja, a utilização do etanol é mais vantajosa do que a da gasolina.
Em alguns municípios, como o de Franca (SP), o etanol hidratado chega a custar apenas 49% do valor da gasolina, segundo Padua. Nessa cidade, o preço do litro de álcool custa R$ 2,21 a menos do que o da gasolina.
Logística e tributação são determinantes para a perda de vantagem do etanol em relação à gasolina em várias regiões do país, segundo o diretor da Unica. Em alguns casos, como o da Amapá, o etanol chega a custar mais do que a gasolina.
Padua acredita que ainda há espaço para o aumento de consumo de etanol hidratado. A evolução de consumo deste combustível deverá ser de 15% nesta safra, em relação à anterior. Já o consumo de gasolina cairá e o de etanol anidro ficará estável.