Segundo os últimos relatórios financeiros das empresas sucroalcooleiras, diversos fatores, entre eles os preços do açúcar, a política de controle de inflação com o controle de preço da gasolina pelo governo e a as condições climáticas, como a seca, podem levar as usinas à corte de custos e até mesmo demissões.
A Raízen Energia, joint venture entre a brasileira Cosan e a Shell e maior grupo de moagem de cana no Brasil, espera uma perda para o trimestre de R$115,4 milhões. Com 12 unidades em operação, a companhia pretende elevar ao máximo a rentabilidade, sem fazer expansão, com projetos como a produção de etanol celulósico. Biosev, da Louis Dreyfus, anunciou prejuízo de R$203,7 milhões de reais no último trimestre de 2013. Seus canaviais foram afetados por geadas no Mato Grosso do Sul e por estiagem no Nordeste, o que afetou o desempenho da operação.
Para a Odebrecht Agroindustrial, terceiro maior grupo do país, o endividamento é preocupante. Nas três últimas safras sua dívida dobrou, atingindo R$10 bilhões e suas usinas operam atualmente com apenas 50% da capacidade. A americana Bunge também está muito descontente com o seu negócio de açúcar e etanol, que fechou o trimestre no vermelho. A empresa contratou o banco de investimento Morgan Stanley para revisar opções para seu negócio de moagem no Brasil. A Tonon Bioenergia, grupo com três usinas de cana-de-açúcar no país, informou que teve prejuízo líquido de R$52,5 milhões no terceiro trimestre da safra 2013/14.
Unidades produtoras fecham suas portas a cada nova safra, as dificuldades das usinas já duram cinco safras. Segundo a União das Indústrias de cana-de-açúcar, 44 usinas encerraram suas atividades desde 2009 e mais 12 usinas sem condições financeiras poderão fechar em 2014.
As empresas do setor foram contraindo financiamentos para expandir seus negócios e agora possuem dívidas acumuladas. A dívida média das empresas do setor supera o faturamento bruto anual, cerca de 20% da receita está comprometida com o pagamento de juros. Os custos de produção nas usinas sucroalcooleiras dobraram nos últimos anos. As usinas de açúcar e etanol do centro-sul do Brasil devem iniciar a safra 2014/15 descapitalizadas. Segundo o Itaú BBA, algumas usinas começam a nova safra já devendo uma safra inteira, o faturamento da safra 2013/14 deve fechar em cerca de R$70 bilhões, quase a soma das dívidas dessas indústrias.
Até o clima não está cooperando. As geadas danificaram 18% da safra remanescente de cana do centro-sul, reduzindo a produção do Brasil. E a seca severa já reduziu as perspectivas para a próxima safra. Com preços menos competitivos frente à gasolina, etanol já não é mais a opção de combustível dos consumidores na maioria dos estados brasileiros. A falta de informação sobre o aumento da gasolina gera incertezas quanto à participação do etanol na matriz energética brasileira. O setor quer definições claras sobre o papel do etanol nos próximos anos.
Fonte: MaxiQuim – www.maxiquim.com.br