Será realizado em 25 e 26 de abril o primeiro de uma série de oito workshops públicos que servirão para levantar informações para a montagem de um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação comercial em São Paulo. A iniciativa é liderada pela Embraer, Boeing e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), mas prevê a atuação de outros atores. O workshop deve ocorrer na sede da Fapesp, em São Paulo. Os demais workshops estão previstos para Piracicaba, Campinas, Brasília e São José dos Campos.
Os workshops vão fornecer subsídios para um estudo, com duração prevista entre nove e 12 meses, que levantará as possibilidades e os principais desafios sociais, econômicos, científicos e tecnológicos de diferentes rotas tecnológicas para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação no Brasil. Também tratará dos investimentos que deverão ser realizados pelos participantes do projeto.
Representantes da Embraer, Boeing e Fapesp fizeram nos dias 29 de fevereiro e 1º de março, na sede da Fundação, uma reunião preparativa para a criação do centro, quando definiram a metodologia de discussão por meio de workshops.
As instituições firmaram um acordo em outubro de 2011, no qual está prevista a construção no Estado do centro de pesquisa focado no desenvolvimento de biocombustível sustentável para aviação, que será baseado no modelo dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), da Fapesp.
As informações nos workshops serão fornecidas por diferentes integrantes da cadeia produtiva de biocombustíveis e por um Conselho Consultivo Estratégico. O Conselho será composto por empresas aéreas, produtores e fornecedores de combustível, pesquisadores e representantes do governo, entre outros atores, que poderão exercer um importante papel tanto na implantação como na regulação dessa nova indústria. Na fase final do estudo, a Fapesp lançará uma chamada especial de propostas para o estabelecimento do Centro.
“Estamos terminando a etapa de planejamento do projeto, decidindo questões metodológicas, orçamentárias e contratuais, para darmos início aos workshops”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, coordenador-adjunto de Programas Especiais da Fapesp. O pesquisador é um dos coordenadores do projeto, juntamente com Francisco Emilio Baccaro Nigro, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).
Na opinião de Cortez, os maiores desafios para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação estão ligados à questão da sustentabilidade. “Os maiores problemas estão mais na produção e conversão da biomassa”, afirmou. “Será preciso produzir esses biocombustíveis a um custo competitivo e com sustentabilidade socioambiental, utilizando os recursos agrícolas racionalmente e de forma a melhorar as condições de vida das pessoas envolvidas com essa atividade”, disse.
Já na parte tecnológica, o maior desafio dos pesquisadores será desenvolver um biocombustível com as especificações do querosene utilizado atualmente na aviação e que possa substituí-lo, sem a necessidade de realizar modificações nas turbinas das aeronaves, que seguem um padrão internacional.
Segundo Cortez, diferentes matérias-primas – além da cana-de-açúcar – e diversas rotas tecnológicas serão estudadas durante o projeto para se chegar a um biocombustível que substitua o querosene na aviação comercial.
“Não seremos refém de apenas uma rota tecnológica. A ideia do projeto é ter várias possibilidades, porque cada região no mundo tem sua própria vocação agrícola, que está atrelada a diferentes processos”, disse.
Fonte: ANPEI