A Cosan, uma das maiores empresas de energia e infraestrutura do Brasil, e Sumitomo Corporation, um dos maiores grupos econômicos do Japão, firmam parceria em joint venture para produzir e comercializar pellets de biomassa. A Cosan terá 80% da JV e a Sumitomo 20%. A empresa, denominada Cosan Biomassa, possui uma planta comercial em operação desde 2015 em Jaú-SP, com capacidade de produção de 175 mil toneladas de pellets por ano. A empresa pretende exportar pellets para uma grande geradora de energia europeia ainda neste ano. A perspectiva é expandir a produção para 2 milhões de toneladas até 2025, para atender a demanda potencial deste produto.
A tecnologia foi desenvolvida pela Cosan e utiliza resíduos de cana-de-açúcar, como palha e bagaço, maior recurso de biomassa não explorado do mundo. A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) apoia o negócio com um financiamento reembolsável a juros subsidiados desde o início do projeto em 2010 e até agora desembolsou cerca de R$170 milhões. O projeto inclui criar um mercado de longo prazo para os resíduos da cana. O pellet de biomassa de cana deve substituir as matérias-primas predominantes, como carvão mineral, o gás natural e óleo combustível.
Estima-se que a demanda mundial por pellets de biomassa aumente 60% em 5 anos, atingindo aproximadamente 40 milhões de toneladas. Europa, Japão e Coreia do Sul são possíveis mercados, pois hoje cerca de 30% de sua energia é proveniente do carvão mineral. Segundo a Sumitomo Corporation, o Japão importará entre 10 a 20 milhões de toneladas de pellets de biomassa até 2030, demanda que será atendida principalmente pela biomassa de cana. O governo americano estuda possibilidade de utilizar biomassa para reduzir sua dependência no carvão mineral; se apenas 5% do carvão for substituído por biomassa serão necessários 28 milhões de toneladas adicionais por ano para atender tal demanda. No Brasil, grandes indústrias já demonstraram interesse, pois o pellet de biomassa tem custo mais competitivo quando comparado ao gás e ao óleo utilizados hoje.
Cosan Biomassa firmou contrato de 10 anos com a Raízen, que possui unidade vizinha à planta da Cosan Biomassa, para fornecimento da biomassa. Um dos principais desafios da empresa ainda é recolher a palha da cana no campo a custo competitivo, mas nos próximos 5 anos a empresa estima uma redução nos custos de 20% a 30%. Segundo a empresa, o Brasil possui potencial para produção de cerca de 80 milhões de toneladas de pellets, montante equivalente a 3x o mercado mundial de biomassa peletizada. Assim, os mercados de cogeração de energia e pellet devem ser complementares, pois existe resíduo de sobra no Brasil.
Fonte: MAXIQUIM