São Paulo – A Raízen fechou acordos para exportar etanol de segunda geração para Europa a um prêmio de R$ 300 por metro cúbico sobre o produto convencional, em meio à forte demanda pelo produto no exterior por preocupações ambientais.
O anúncio foi feito ontem, em Piracicaba, pelo diretor executivo de Açúcar, Etanol e Bioenergia, João Alberto Abreu. O diretor da Raízen, joint venture da Cosan e da Shell, disse ainda que o mercado de açúcar está passando para um déficit no próximo ano, o que poderá melhorar ligeiramente os preços ante os de 2015.
A divulgação ocorreu durante a inauguração da unidade de etanol celulósico, produzido a partir do processamento do bagaço e da palha da cana-de-açúcar da Raízen, o chamado etanol de segunda geração, em Piracicaba (SP), com a presença da presidente Dilma Rousseff e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Na solenidade, o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que o governo agiu e continuará agindo para apoiar o setor sucroenergético. O setor é um dos mais críticos à política do governo federal para o etanol, principalmente pelo controle do preço da gasolina.
Segundo Braga, o “governo tem o firme propósito em manter o Brasil com a matriz energética mais renovável entre economias emergentes e desenvolvidas”, com a participação do setor sucroenergético e ainda em um cenário de consumo crescente de combustíveis. “Não há tempo para acomodação. A demanda por combustíveis cresce”, afirmou o ministro.
Braga admitiu que o setor sucroenergético enfrentou desafios nos últimos anos e sempre houve a consciência de que era necessário o aumento da produtividade por meio de pesquisas e inovação tecnológica. “Hoje estamos vendo respostas firmes a esses desafios”, afirmou o ministro, citando a unidade produtora de etanol por meio do processamento do bagaço e da palha após o uso da cana-de-açúcar para a produção de etanol de primeira geração e açúcar.
Durante cerimônia de inauguração da usina, Dilma disse que o etanol de segunda geração, que será produzido na unidade, é um importante avanço para o Brasil. A presidente ressaltou o fato de a usina ser localizada na Usina Costa Pinto, “unidade onde nasceu tanto o [Rubens] Ometto quanto a Cosan”. “Aqui se encontram tradição e inovação”, disse a presidente ao citar que a unidade é grande conquista para que o Brasil lidere um paradigma tecnológico de produtividade.
A proposta do etanol de segunda geração será levada por Dilma à 21ª Conferência do Clima (COP 21) das Nações Unidas, que acontece em dezembro em Paris. Segundo a presidente, todos os países se preparam para demonstrar realizações nessa área.
A presidente negou ainda que o etanol seja uma atividade conflitante com o pré-sal e diz que considera fundamental a construção do etanolduto da Raízen com a Petrobras. Dilma disse que a parceria do governo com a Raízen mantém o país na vanguarda da produção de etanol.
O governador Geraldo Alckmin que participou da inauguração da unidade destacou a importância na área ambiental e na geração de empregos para o estado. “É uma alegria estar aqui neste momento histórico. Tem importância ambiental e na geração de emprego. Em São Paulo, a cadeia do setor sucroalcooleiro tem 500 mil empregos, também fundamental para a questão energética, além de diminuir a importação da gasolina. O etanol é energia limpa, evita poluição”, disse Alckmin.
O governador ainda ressaltou os incentivos fiscais dados pelo Estado de São Paulo ao setor. “Nós tiramos os tributos para Retrofit das usinas, reduzimos o ICMS do etanol de 25% para 12%, tiramos o ICMS para o alcoolduto, simplicamos toda a área tributária pra facilitar a parceria dos produtores de cana com as usinas, além da pesquisa, enfim, é um compromisso muito grande.”
A Raízen pretende construir novas plantas de etanol de segunda geração – produzido a partir da biomassa da cana – assim que o custo de produção for compatível com o de primeira geração, algo que deverá acontecer a partir de 2017, disse ontem o presidente da companhia, Vasco Dias.
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Cosan, acionista da Raízen, Rubens Ometto, fez vários afagos à presidente Dilma Rousseff, a qual chamou de “mulher brasileira, patriota, correta, lutadora e de fibra”, durante a inauguração.
Autor: Renê Gardim e Agências
Fonte: DCI – Diário Comércio, Indústria e Serviços / Brazilian Pharma Solutions