Se Mato Grosso fosse um país, seria o quinto maior produtor de milho. Ficaria atrás apenas dos Estados Unidos, da China, do Brasil e da Argentina.
No caso da soja, seria o quarto maior produtor, atrás dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina. É um mar de grãos.
Essa posição avantajada do estado veio com aumentos de área, de produção e de produtividade. Dentro da porteira, as coisas deram certo. Fora, porém, ainda restam muitos problemas a serem resolvidos.
Agora é hora, portanto, de reinvenção. O período de avanço sobre novas áreas perdeu ritmo, e os produtores buscam novos projetos para incrementar a renda.
Diante desse cenário, analistas do Rabobank fizeram um estudo sobre a agregação de valor e sobre a intensificação da produção agropecuária no estado, dando destaque à acelerada produção de milho.
Apesar da evolução produtiva dentro da porteira, a rentabilidade do milho safrinha é afetada pelo “custo Brasil”. Isso porque apenas 15% da produção de milho fica no estado.
A expansão da produção refletiu sobre os preços da terra e faz o produtor redefinir as estratégias de sua atividade, segundo Victor Ikeda, analista do Rabobank para grãos.
Uma das saídas para o produtor tem sido a intensificação do uso da área ou a verticalização da produção, segundo o analista. A intensificação do uso da terra passa pela adoção de irrigação e obtenção de até três safras por ano.
A verticalização permite a utilização do milho para a produção de etanol. É uma indústria recente, mas com boa possibilidade de crescimento.
Uma série de fatores impulsiona a evolução dessa indústria, segundo Andy Duff, gerente do departamento de Pesquisa e Análise Setorial e especialista em açúcar e etanol do Rabobank.
Entre essas vantagens, ele cita o preço favorável do milho, o valor elevado do etanol no Norte e Nordeste e a remuneração do DGG, um coproduto oriundo da produção de etanol e usado na produção de proteínas.
Este é um momento interessante e de entusiasmo para a indústria de etanol de milho, mas também é um momento de mudanças, e necessita de boas avaliações dos investidores, segundo Duff.
A verticalização das atividades na agricultura vai promover uma “economia circular”. O bom volume de grãos facilita a produção de proteínas. Os dejetos gerados nessa produção geram adubos orgânicos e energia para a fazenda.
Detentor do maior rebanho bovino do país, cresce no estado a instalação de indústrias processadoras de proteínas. Esses projetos avançam também nas áreas de suinocultura, de frango e de piscicultura.
Essa “economia circular” vai dar “uma nova roupagem” de sustentabilidade para os produtos, segundo Adolfo Fontes, analista do Rabobank em proteína animal.
A produção agrícola será com base na utilização de fertilizantes orgânicos e sem a necessidade de avanços sobre novas áreas. A energia consumida na fazenda será de geração própria e limpa.
Esse é o produto desejado por muitos consumidores, segundo Fontes. Essa nova estratégia de agregar valor à produção serve de base também para a entrada de uma nova geração no negócio agropecuário, segundo Ikeda.