Após credores terem rejeitado um novo plano de recuperação judicial, a Usina São Fernando teve a falência decretada ontem pelo juiz Jonas Hass Silva Júnior, da 5ª Vara Cível de Dourados (MS). A unidade estava sendo administrada pelos filhos do empresário José Carlos Bumlai, que foi condenado pela Operação Lava-Jato e aguarda julgamento de recurso.
Agora, os empresários Maurício de Barros Bumlai e Guilherme de Barros Costa Marques Bumlai serão afastados da direção da usina. A empresa passa a ser administrada pela atual administradora judicial, a Vinícius Coutinho Consultoria e Perícia (VC Perícia).
Segundo informações apuradas pelo Valor Econômico, a Usina São Fernando, em recuperação judicial desde 2013, não realiza nenhum pagamento aos bancos há mais de dois anos e não registra qualquer lucro mensal desde o final de 2014. Foi essa falta de pagamentos que caracterizou o descumprimento do plano de recuperação judicial já aprovado, motivando a elaboração do plano que foi rejeitado pelos credores com garantia real – BNDES, Banco do Brasil e BNP Paribas.
Além de não ter conseguido a aprovação em assembleia, a usina recebeu um parecer do Ministério Público, que se manifestou a favor da homologação da rejeição do novo plano e também contra a proposta de alteração apresentada pelos administradores da usina. O juiz Jonas Hass Silva Júnior acatou essa manifestação.
A princípio, fontes relataram que o estigma de estar envolvida indiretamente na Operação Lava-Jato teria prejudicado o novo plano de recuperação da São Fernando, que foi aprovado pelos demais credores. Contudo, o advogado da administradora judicial, Pedro Coutinho, discorda.
Ele afirma que os sócios da companhia, que vinham sendo assessorados pela EXM Partners, tiveram tempo suficiente para elaborar o plano de recuperação judicial junto aos credores. “O único ponto de ligação que vejo da Lava-Jato com o processo é que, com a operação, os filhos [de José Carlos Bumlai] deram menos prioridade para a gestão”, afirmou em entrevista ao Valor Econômico.
Ainda segundo a reportagem, uma fonte a par das negociações do plano de recuperação relatou que a operação não influenciou diretamente na rejeição do plano. Entretanto, pelo fato do envolvimento de Bumlai ser “emblemático”, qualquer decisão dos bancos credores teria algum tipo de repercussão.
Com a falência decretada, as execuções existentes contra a companhia serão suspensas e os contratos mantidos pela usina serão encerrados. Porém, de acordo com o Valor, o juiz decidiu que as atividades serão mantidas temporariamente, já que há cana a ser colhida em breve e equipamentos industriais que não podem parar neste momento.
Dessa maneira, a Usina São Fernando deve manter os 1.306 trabalhadores que estão atualmente no quadro de funcionários. Ou seja, apenas os nomes da diretoria irão deixar a companhia.
Ainda assim, segundo uma fonte próxima da empresa, Maurício e Guilherme Bumlai devem entrar com recurso, o que pode ter implicações durante o processo. Procurados pelo Valor Econômico, os sócios preferiram não se manifestar.
Antes mesmo da falência ser decretada, já era praticamente certo que a usina seria colocada à venda. Uma das principais companhias interessadas é a gestora de fundos Amerra, que atualmente controla a Unidade Ibirálcool, da Infinity Bio-energy, outro grupo em recuperação judicial.
Além disso, um novo interessado não identificado teria surgido recentemente, levantando a possibilidade da realização de um leilão da unidade.
Fonte: novacana.com com informações do Valor Econômico