As empresas do agronegócio começam a sentir os efeitos da queda de preços das commodities no exterior, da perda de ritmo do setor e das preocupações dos produtores com os aumentos dos custos de produção na próxima safra.
A desaceleração do setor é vista tanto nos números de exportações como nos de importações. Os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, e referentes aos três primeiros meses deste ano, apontam que as grandes tradings estão exportando menos, enquanto as gigantes do setor agroquímico também importam menos.
Em uma lista das 40 principais empresas do setor de agronegócio, a Cargill Agrícola é a líder entre as multinacionais de grãos. De janeiro a março deste ano, exportou o correspondente a US$ 791 milhões. Esse volume financeiro registra uma queda de 21% em relação a igual período do ano passado.
A Louis Dreyfus e a ADM, outras duas das principais exportadoras de grãos do país, tiveram recuos ainda maiores nas vendas externas.
A Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta reduções de 39% nas vendas externas da Dreyfus e de 38% nas da ADM.
A segunda colocada nesse ranking de exportadoras de grãos do primeiro trimestre, a Bunge, somou exportações de US$ 718 milhões e também teve queda, mas inferior à das demais: 15%.
Uma das poucas entre as que conseguiram avançar nas exportações neste ano foi a Nidera Sementes, empresa que vem crescendo rapidamente no ranking das principais exportadoras.
A Nidera, cujas exportações subiram para US$ 353 milhões nos três primeiros meses do mês, conseguiu elevar em 26% as receitas em relação a igual período do ano passado.
Uma das cinco principais exportadoras de grãos do país, a Nidera foi responsável por 0,83% das vendas externas totais do país do primeiro trimestre, acima do 0,57% de igual período de 2014.
CARNES
As exportadoras de carnes também apontam um desempenho pior neste ano. A líder, a JBS, exportou o correspondente a US$ 860 milhões até março, 13% menos do que no primeiro trimestre do ano passado. Nesse mesmo período, a Seara, ligada à empresa, vendeu US$ 367 milhões, com queda de 9%.
BRF e Minerva, também colocadas entre as 40 principais empresas exportadoras do país, reduziram em 27% e 16%, respectivamente, as receitas com exportações.
A Secex apontou que a BRF vendeu o corrrespondente a US$ 707 milhões, enquanto o Minerva obteve US$ 240 milhões no período.
O setor de suco de laranja teve caminho inverso aos de grãos e de carnes.
A Citrosuco, com exportações de US$ 280 milhões, conseguiu crescer 29%, enquanto as vendas externas da Sucocítrico Cutrale subiram para US$ 224 milhões, um alta de 17% no período.
MÁQUINAS
As empresas de agroquímicos também pisaram no freio, assim como as de máquinas e equipamentos destinados ao agronegócio.
A Secex apontou que as importações da Syngenta caíram para US$ 136 milhões nos três primeiros meses deste ano, 47% menos do que em igual período de 2014.
Já a Bayer teve redução de 33%, enquanto a John Deere, do setor de máquinas, gastou 28% menos neste ano com as compras externas.
As indústrias de fertilizantes, devido à alta do dólar, estão gastando mais.
A líder nas importações, a Yara, gastou US$ 317 milhões até março, 33% mais. Mosaic e Heringer também estiveram na lista das que aumentaram os gastos com importações de adubo.
Autor: Mauro Zafalon
Fonte: Folha de São Paulo
Retirado de: Brazil Pharma Solutions