O Grupo Columbia, que faturou R$ 2,5 bilhões no ano passado sobretudo com operações logísticas, criou no fim do ano passado uma empresa dedicada à originação e ao fornecimento de matérias-primas para geração de energia, em especial de fontes renováveis. Batizada de Columbia Energia, a companhia herdou do grupo controlador os negócios de venda de coque de petróleo e resíduos de madeira, insumos usados na geração de eletricidade por parte de cimenteiras e indústrias de papel e celulose, principalmente.
Mas, de olho no movimento de substituição de fontes fósseis por renováveis em segmentos intensivos no uso de energia, a nova empresa quer ocupar um espaço vazio no mercado interno, que é o fornecimento “confiável de matérias-primas renováveis”. “Me refiro à qualidade desses materiais, tais como controle de umidade e de impurezas, e a regularidade no fornecimento”, diz o CEO da Columbia Energia, Carlos Mussato.
Em 2015, a nova companhia já tem fechados contratos de venda de cerca de 250 mil toneladas de biomassa de madeira (cavaco), mais que o dobro das 100 mil toneladas negociadas no ano passado pelo grupo – quando a subsidiária ainda não havia sido constituída oficialmente.
“Até então, nossos clientes eram indústrias consumidoras de energia. E agora, a carteira cresceu na esteira da maior demanda por parte de grupos como as usinas de cana, interessados também em ampliar a produção de eletricidade para vender no mercado livre, cujos preços estão atrativos”, diz Mussato.
Por enquanto, a única fonte renovável do portfólio da empresa é o cavaco de madeira, oriundo da operação florestal de sua controlada Operflora. A matéria-prima é retirada das florestas onde a empresa presta serviços, e é fornecida à própria clientela – a maior parte indústrias de papel e celulose. No entanto, a proposta da Columbia Energia é agregar outras fontes renováveis em seu escopo, além de implantar um modelo de negócio que considera inédito no país: “blend” de matérias-primas.
“O mercado compra ‘gigacalorias’ e não casca de arroz ou coco de babaçu. O foco é conseguir fornecer a caloria que o cliente precisa, com logística e custo que atenda às suas necessidades”, diz Mussato.
O plano, que vai se concretizar na velocidade do comportamento da demanda, é implantar “blendcenters” – espécies de processadoras de biomassa e de outras fontes, não necessariamente só as renováveis. “O produto final depende da demanda e pode ser, por exemplo, um blend de renovável com fóssil”. A companhia mapeou as diferentes alternativas energéticas no país, o que incluiu algumas inusitadas, como coco de babaçu e caroço de açaí. A constatação foi que o potencial é originar 300 mil toneladas por ano.
A empresa não considera atuar com bagaço de cana, por se tratar de um mercado já bem explorado. “Mas estamos conversando com um player do setor para viabilizar o recolhimento da palha”, antecipa.
Fonte: Valor Econômico